Quatro dias de toró. Ventania. Enchente. Com relâmpagos e trovões, nas palhas de um casebre de garimpo, nasci pelas mãos de Teresa, parteira india bororo. O cordão umbilical cortado com faquinha de piçarra. Fraldas? Mamadeira? Chupeta?
Venci a mortalidade infantil. Sem pais, avós, tios, primos, laços familiares importantes na formação de uma criança. Sem eira- nem beira, fui para o mundo. Estudei, sofri, amei, perdi, ganhei, nas adversárias: Moscou comunista/New York capitalista.
O único brasileiro no voo inaugural Moscou/New York. O Boje russo e o Deus brasileiro me ajudaram. Natasha, aeromoça da Aeroflot, gostou do meu apelo. Me levou para o apartamento das aeromoças no Brooklyn, onde respirei os primeiros ares nova-iorquinos. ( 1. A turma de formandos em Direito Internacional. 2. Orador da turma.)
Era dezembro. Oito graus abaixo zero. Confortável, para quem, em Moscou, viveu sob 20/25 graus zero. ( 1. Almoço despedida com o embaixador Henrique Rodrigues Valle. 2. Cartão de embarque do voo inaugural Moscou/New York
Abracei e beijei Natasha. Disse ispaciba e dasvidania. Atravessei a famosa ponte do Brooklyn para o mundo encantado de Manhattan. E, mordi a Big Apple.
Para não contar a história toda, pergunto: Como ter quinze minutos de fama (ou, 35 anos de sucesso) na mais espetacular e competitiva cidade do mundo?
Alguns dizem:”Sou bom de bola. Sou o tal. Sou mais esperto. Sei passar os outros pra trás. Dou nó em pingo d’ agua. Essas qualidades podem até funcionar. Mas, um dia, a casa cai.
Bom mesmo, é “descobrir“ o Brasil, no exterior.
No meu caso, sem ter para onde ir, e para quem voltar, fui feliz ao descobrir a grandeza e a beleza do Brasil, e de nossa gente, estruturalmente boa.
Será que esse meu apego, meu compromisso, minha paixão, pelo Brasil, começou ao ver o respeito, o carinho, do Museu de História Natural/Central Park, para com o meu conterrâneo Cândido Mariano da Silva Rondon, levando Ted Roosevelt pela selva amazônica?
Ou quando descobri Carmen Miranda. O seu cantar. Sua baiana, seus cachos, balangandãs, a sua alegria levantando o astral da Broadway, Hollywood, do público americano. Em anos de guerra. E, os filmes, fazendo o Brasil conhecido no mundo?
Ou foi Aquarela do Brasil, de Ary Barroso? Ou foi o show de Bossa Nova no Carnagie Hall? Ou foi o Tri Mundial no México? Ou foi a chegada de Pelé, para criar, o “soccer Brazilian way”? Ou foi o sucesso de Vinicius de Moraes, Baden Powell, Toquinho, Maria Creuza, pela Europa. Ou foi quando ouvi o Samba da Oração, no filme Um Homem e uma Mulher, cantado por Pierre Baruch? Ou foram as vitórias de Nelson Piquet e Ayrton Senna?
Há, os protegidos por Santos, Orixás, Crenças, Fé. Mais o tempo passa, mais reconheço, que fui protegido pela nossa bandeira, e pela magia do nome Brasil.
Ao hastear a primeira bandeira do Brasil, na Rua 46, entre a famosa Quinta Avenida e a Sexta, -sede do Brazilian Promotion Center, redação do jornal The Brasilians- criados por mim em dezembro de 1972, um jato de luz iluminou as minhas dúvidas.
Sem Money para o day after. Misturando português com russo- espanhol- inglês, me fiz entender no Melting Pot que é New York.
Fui criticado, por hastear a bandeira, quando o Brasil vivia sob regime ditatorial. “Jota Alves estudou na União Soviética, a estrela- guia dos comunistas, da esquerda, e levanta a bandeira dos militares, da direita, que governam o Brasil”?
A esquerda que se refugiava no capitalismo, baixou o pau. Fui atacado por colegas da universidade. Criticado, e até sabotado, quando assumi funções no governo de Mato Grosso “O Jota Alves foi líder estudantil, Secretário Geral da UESB, Secretário Geral da Mocidade Trabalhista, estudou na Moscou comunista, e vai para a New York capitalista? Tem coisa aí.
50 anos depois: o mesmo dogma, a mesma confusão ideológica, o mesmo oportunismo, na resposta de Bebel Gilberto, pedindo desculpas pelo “ato impensado” de limpar o chão com a bandeira do Brasil. ( 1. João Gilberto e Stan Getz, com a bandeira do Brasil. 2. Bebel, pisoteia a bandeira).
A Pátria Grande: uma bandeira, um Estado.
Ao “ressuscitar” Simon Bolívar, Hugo Chavéz detonou dólares do petróleo venezuelano criando associações, empresas, ONG. Elegeu presidentes, para o seu plano da Pátria Grande.
Por que Reitores, professores, universitários, Mídia, Artes, políticos, governantes- que se dizem elite do Brasil- se deixaram dominar pela milonga do Socialismo Século 21, tendo como marca a figura de Bolívar montado na América do Sul?
Ativistas, intoxicados pelo vírus da corrupção vermelha, e variantes, menosprezam, atacam, a bandeira do Brasil. Nicolás Maduro, continua o trabalho de Hugo Chávez: bancando eleições no Brasil/América do Sul e Central.
Ao proibir a bandeira em atos públicos, a Juíza gaúcha pisou no meu calo. E doeu!
Mas, logo, vi, que não se tratava de ato isolado. Outras proibições aconteceriam. A militância pensou que o ato “impensado” de Bebel Gilberto, levantaria as massas em grande alvoroço.
O que ela fez foi desrespeitar o nome do pai. Ícone da música brasileira, admirado mundo afora. Bebel nasceu nos Estados Unidos. Cresceu no México. Ao desprezar a bandeira, ela bem que pode deixar de cantar em português, idioma das músicas que lhe dão dinheiro, ate hoje, aos 59 anos de idade.
“Para Bebel, não há remédio, nem cura”.
Jogando búzios, e contas verde amarela, Vovó Fifina, 99 anos de lucidez profética, conhecedora da canalhice de mulheres e de homens, em duas horas conversando ao celular, me disse: “Jota, meu fio, antes do Sete de Setembro, a nossa bandeira será rasgada, queimada”. (Sob os olhares embaçados dos que se proclamam Guardiões da Constituição).
Vovò Fifina: “Bebel, é a filha que interditou o pai por dinheiro. Cuspiu na bandeira que lhe amparou como cantora. Terminará seus dias em tristeza, sem fim. Se o protesto era contra o presidente do Brasil, ela deveria ter pisado em camiseta do Bolsonaro. Rasgado retrato do Bolsonaro. E não fazer o que fez com a nossa bandeira”.
Vovó Fifina, disse:“Não há remédio e cura para o mal que a Bebel fez para si mesma. Invoco a maldição sobre os franceses que rasgaram a bandeira de Joana D’ Arc, todos, tiveram mortes horríveis”. ( Joana D’Arc é a Padroeira da França).
Pelo meu histórico: 1001 razões ideológicas, filosóficas, políticas, para não hastear a bandeira do Brasil. Para não executar o Hino Nacional.
Mas, por que, durante o governo militar, promovi, defendi, o manto sagrado de nossa terra?
E, durante o governo Sarney. E, no governo Collor. E, no governo Fernando Henrique. E, durante o governo Lula-Dilma-Temer. E, agora, durante o governo Bolsonaro ( 1. No palco do Brazilian Day com o Coral da Igreja Adventista de Queens, cantando o Hino Nacional.)
30/7/2022: Entusiasmado com os 200 anos, contarei episódios da celebração do Sete de Setembro em New York/USA. O nosso evento nacional foi interrompido pelo vírus chinês. Mas, foi usado e abusado pela TV Globo, enquanto a festa durou.
Trilha sonora:
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