- Cuiabá: A Copa do futebol mostrou o mundo para o menino. Ele driblou a mortalidade infantil. E viajou, fazendo “gols” pelo mundo.
Ligado na Rádio Nacional, o garimpeiro, pai adotivo, botou o RCA Victor na escada do casarão da Rua do Meio. De frente para a pracinha de paralelepípedo- nosso campo de futebol, com bola de pano.
Com Jorge Cury transmitindo e Antônio Cordeiro comentando, aos 2 minutos do segundo tempo, pulamos, gritamos, com o gol de Friaça.
Foi assim: “Bauer tocou para Friaça que empurrou para Zizinho que devolveu para Friaça chutar cruzado, sem chance para o goleiro Máspoli. O já ganhou era contagiante. E como não ser, se goleamos a Espanha e a Suécia (7 a 1 e 6 a 1). Em Porciúncula/Rio de Janeiro, tem escola, estátua, do filho da terra: Albino Friaça Cardoso, autor do gol do Brasil na Copa 1950. Ele morreu em 2009.
Nome de “carrasco” não se esquece: Obdulio Varela cercava Ademir. Neutralizava Jair e Chico. O menino nunca se esqueceu dos nomes Schiaffino e Ghiggia?
Eles calaram o Maracanã, construído no governo do cuiabano- presidente Eurico Gaspar Dutra. O Brasil descobriu que não era o “melhor do mundo”. Uruguai 2 x Brasil 1. A seleção Celeste, Bicampeã do mundo: 1930 e 1950.( 1. Obdulio Varela. 2. Schiaffino)
- Rio de Janeiro.Brasil Campeão do mundo
Levando a primeira delegação de estudantes de Mato Grosso ao Congresso da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundários), festejamos a nossa primeira Copa do Mundo na sede da UNE, Praia do Flamengo. A celebração tomou conta do Largo do Machado. O Bar do Lamas, lotado. 1. Os estudantes Jota Alves e Terezinha Espíndola, no Rio. 2. O garoto Pelé chora em sua primeira Copa do Mundo, consolado por Didi, Gilmar, Orlando. 3.“Aqui, o Rei é você, disse o Rei da Suécia para Pelé.)
- Em Brasília.Bi Campeão do mundo
Secretário Geral da União dos Estudantes Secundários de Brasília, Secretário Geral da Mocidade Trabalhista do Brasil, eu estava no Palácio, quando o presidente João Goulart recebeu os Bi- campeões do mundo.( 1.O presidente João Goulart com Garrincha).
1966.Em Londres.
Nas férias, estudantes estrangeiros em Moscou, podiam viajar a outros países. Lavei prato em Estocolmo. Esfreguei chão na Finlândia. “Ficando” com diplomata inglesa, ela facilitou a minha estadia em Londres. Não precisei descascar batatas, nem cuidar de cachorro, para ver a Inglaterra Campeã do mundo. 1. Os ingleses celebram. 2. A Rainha Elizabeth entrega a taça para Bob Moore, capitão da seleção.
1970-México. A minha Copa. A Copa do mundo da minha vida!
O navio-escola Almirante Tamandaré no píer 46. E lá fui com Benito Romero pedir ao Comandante a banda de música para animar a torcida no Madison Square Garden. O primeiro jogo de futebol via satélite, (México- New York).
A comunidade italiana grande, poderosa, rica.
Italianos lotavam o Madison Square Garden. Arena de Frank Sinatra, de lutas de box, vôlei, basquete, shows de famosos.
Brasileiros, bem menos. Mas, tínhamos os latinos torcendo pelo Brasil. Difícil encontrar a nossa bandeira. Compramos tecido verde e amarelo. A moçada improvisou o uniforme canarinho.
Conseguimos 4 músicos da banda do navio. Seu João, português de coração brasileiro, bancou o rango dos músicos em seu restaurante Cabana Carioca. Juntamos violão mexicano, tambores cubanos, apitos, chocalhos…
Brasil Tri Campeão.
O primeiro gol foi de Pelé. O segundo, de Gerson. Os italianos lutavam. Marcam um. Jairzinho calou a boca da azurra. O fim Sensacional foi com Pelé jogando em profundidade para Carlos Alberto desferir o petardo. 4 a 1.
A multidão em torno dos brasileiros. Ninguém se mexia. Ninguém saia das Ruas 34/35. Da Quinta a Oitava Avenida, transito engarrafado. Chegou a Polícia Montada. E a multidão gritando Viva Brasil, Viva Brasil.
Os policiais viram que não havia arruaça. Mas, o impasse estava criado.
Para onde levar a multidão?
Não tínhamos um bairro, Centro Comunitário, uma Igreja. Foi, então, que senti o meu “estalo de Vieira”. Uma voz interior, dizia: Leve o povo para a Rua 46. Pedi para Tania conversar com os policiais. Maria BH, a mais assanhada da turma, tirou a bermuda. Ficou de tanga, (sucesso da moda Made in Brazil). A camiseta amarela molhada, mostrando os biquinhos.
O tenente vidrou. Desceu do cavalo.
Ele ficou cercado por brasileiras, cubanas, argentinas, mexicanas. Tânia negociou com o Tenente. E o unbealivable aconteceu. Sairíamos. Mas, tocando, gritando, celebrando, a vitória do Brasil. E fomos, do Madison Square Garden, pela Sexta Avenida, à Rua 46, protegidos pela Polícia Montada de New York, abrindo caminho para o samba da vitória do Brasil.
Brazilian Street
Na Rua 46, apenas um restaurante, o Brazilian Coffee. Na redação do jornal The Brasilians hasteie a primeira bandeira do Brasil. Eles foram chegando. O milagre verde amarelo aconteceu. Em pouco tempo, 16 lojas, restaurantes, prestadores de serviços. Nas Ruas vizinhas, a presença brasileira crescendo. Os hotéis lotados de turistas brasileiros. O Brasil na TV, Rádios, jornais, vitrines. Nasceu a Brazilian Street.( 2. Ter o prefeito de New York como leitor do The Brasilians nos impulsionava. O Brazilian Proud falou mais alto).
Brazilian Day
Com a energia, o charme, a magia, e no embalo do Brasil Tri Campeão do Mundo, tudo que criei, organizei, promovi, deu certo:
Clube Brasileiro de Viagem, Brazilian Promotion Center, Português Rapidinho, aulas para turistas da American Express, em viagem ao Brasil. Programa de Rádio, TV. Shows. Palestras. ( 1. Jota Alves recebe Edward Koch, prefeito de New York, no palco do Brazilian Day. O prefeito disse, em português: “Obrigado Mister Alves por esta bela festa em nossa cidade”.
O Tri da minha vida: o jornal The Brasilians. O Carnaval do Brasil no mundialmente famoso Waldorf Astoria, 15 anos consecutivos de sucesso. E o meu filho mimado, o querido Brazilian Day. Com irmãos pelo mundo. 1.O salão nobre do Waldorf Astoria, decorado para o Carnaval verde e rosa. 2. Adriana Krambeck, Miss Michigan/USA com Beth Carvalho. 3. O lançamento da cerveja Brahma nos States foi no Carnaval do Brasil. 3. Jota Alves e as Brahametes)
52 anos. E lembro cada minuto, cada detalhe, daquele 21 de junho de 1970. Brasil Tri Campeão do Mundo. Vitória em terra estrangeira tem mais sabor e significado.
É muito bom conversar com brasileiras daqueles dias maravilhosos.
Soube que Tania vivia no estado de Montana, fiz contato. Perguntei: “e aí, transou com o Tenente irlandês? Tania: “Você Jota, é o cupido, o padrinho. Ele me levou para jantar. Disse que poderia ter sido expulso da Polícia de NY por ter desviado o transito para nos levar a Rua 46. Foi salvo por não ter tido ocorrência. Depois da segunda, grudou em mim. Viemos para Montana, criar e treinar cavalos para a Polícia”.
Para mim, o Tri no México, foi a Copa da Minha Vida. Por duas décadas, fizemos o Brasil ocupar os espaços mais importantes de New York. Sem o nosso governo investir um centavo. Nunca recebi um telegrama de incentivo, uma mensagem de Parabéns. Nada a reclamar! Em New York, janela do mundo, marquei muitos gols, graças ao meu Brasil, brasileiro!
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Trilha sonora:
8/11/2022