Nenhum outro estado brasileiro celebrou o Dia Mundial do Meio Ambiente como Mato Grosso o fez. Vindo de Nova York, cheio de empolgação e de ideias, sem pertencer aos grupos partidários que se auto destruíam por pedaço maior do poder, eu era um outsider à beira da fogueira de vaidades. 1. Orlando Villas Boas. 2 D. Pedro Casaldáliga.
Para o Grande Evento contei com os ensinamentos e o entusiasmo permanente do antropólogo João Vieira, da Universidade Federal de Mato Grosso. Ele sabia- sabe Who is Who na discussão e no trato das questões ambientais, indígenas, sociológicas, de Mato Grosso e do Brasil.
De um cubículo, sem celular, sem internet, com um velho telex emprestado, uma Olivetti das antigas, carreguei a logística do evento e pensei nomes internacionais que poderiam alavancar a boa imagem do meu estado, como sempre fiz ao promover o Brasil no exterior.
Ciúme de mulher provoca, educa, disciplina. Ciúme de político, principalmente, quando ocupa cargo executivo, é perverso e destruidor. Cuiabá tem tradição política de futrica, fofoca, rasteira.
Quando anunciamos os primeiros nomes, o pau comeu:“Essa é a união de Jota Alves com ideias americanizadas e os delírios do professor João Vieira. Essa gente que eles anunciam não virão a Cuiabá”. Eram tempos do Atraso vitorioso alimentado por ideias fracassadas que criaram os nossos Exterminadores do Futuro.
1.Thomas LoveJoy condecorado com a Ordem Mérito Mato Grosso 2. Da esquerda para a direita: Clóvis Pitaluga de Moura, médico, pantaneiro, ambientalista, o cineasta sueco Arno Sucksdorf, Orlando Vilas Boas e Thomaz Love Joy. 3. Omar Fontana, criador da TRANSBRASIL e na ocasião, presidente da WWFoundation.4. Dom Pedro Casaldáliga cumprimentado pelo Consul da Suécia ao lado de Dante de Oliveira.
1. Burle Marx recebe a medalha Mérito de Mato Grosso de Carlos Bezerra, governador de Mato Grosso. 2. Um dia, em Nova York, Tom Jobim já foi dizendo, Jota Alves “hei de compor a Sinfonia do Pantanal”. Ele enviou gravação que foi ouvida pelo auditório lotado na celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente. 3. O oceanógrafo Jacques Costeau que havia pesquisado no Pantanal estava na Nova Zelândia. Pelo telefone, falei com o filho dele em Paris. “Papai gostaria muito de voltar ao Pantanal, ao Mato Grosso. O problema é tempo. Ele está com equipe submarina.”
Na hora, encontrei a solução. Jacques Costeau voltar a Paris e voar de lá ao Rio no Concorde da Air France, a grande novidade supersônica do momento. Contei o problema para Omar Fontana da Transbrasil. Comandantes, estadistas, sacam a importância das coisas e decidem: “Manda ele vir e um jatinho nosso o levará a Cuiabá”. Não era luxo, era tempo, e a importância de um Jacques Costeau colocando Cuiabá e Mato Grosso nas manchetes mundiais.
Mas, e a passagem aérea de Paris- Rio- Paris pelo Concorde para que Jacques Costeau chegasse a tempo para a abertura do maior acontecimento promocional que Mato Grosso já havia realizado? Sempre escrevo e digo: muito cuidado com governador e prefeito que não organizam, não promovem: festas juninas, Natal, Carnaval, não celebram o 7 de setembro, o aniversário da cidade, por “falta de verba, para economizar na conta de luz, de agua, por outras prioridades”. Cuidado, não vote em candidato com essa milonga!
Não consegui a “liberação da verba” para a passagem aérea de Jacques Costeau, uma das personalidades mais respeitadas e admiradas daquele momento. Falta de visão para captar a importância da promoção de Mato Grosso que começava a se destacar no agro negocio. E decepcionado fico agora ao ver Mato Grosso (na Amazônia Legal) fora da promoção do Rock in Rio 2017/Amazònia, vitrine promocional de alcance planetário. 1. Jacques Costeau.3. Arthur Virgílio, prefeito de Manaus e Roberto Medina, criador do Rock in Rio.
Na Semana do Meio Ambiente, meus convidados da France Press, New York Times, Tass, BBC de Londres, TV sueca, Prensa Latina, O Globo, Folha de São Paulo, conheceram o pantanal e a nossa culinária com peixes pescados na hora.
Ficaram maravilhados com a nossa beleza natural e se comprometeram com a necessidade de se preservar e defender o meio ambiente. Colocamos Mato Grosso nas manchetes e horários nobres mundiais.
Conheci Thomas LoveJoy em visita ao Smithosian Museum em Washington, D.C. Publiquei artigos seus no meu jornal The Brasilians, em Nova York. Anos depois, o convidei para receber a Ordem do Mérito Mato Grosso.
Ocupadíssimo com aulas, conferencias, seu trabalho no Museu, após 9 horas de voo, Thomas foi a Cuiabá em avião particular. Chegou minutos antes do início da cerimônia no auditório do Palácio Paiaguás.
Quando 20% da floresta tiver sido derrubada.
Trechos de artigo recente de Thomas LoveJoy publicado na Folha de São Paulo:
“Diretamente do Livro de Jó. No meio da Grande Depressão da década de 1930, algum agricultor desconhecido do Meio- Oeste americano, sem consciência do que fazia, derrubou algumas árvores que mergulharam o centro do continente norte-americano numa praga ambiental: o “Dust Bowl”.
Gigantescas tempestades de areia varreram as grandes planícies e paralisaram durante anos a agricultura praticada nelas. A agricultura americana só conseguiu voltar ao que é hoje graças ao plantio maciço de árvores, fruto de um grande programa governamental chamado Civilian Conservation Corps, e à adoção de métodos melhores de cultivo.
Hoje a Amazônia e o Brasil estão à beira de uma quebra semelhante de sistema. A diferença é que o risco é cientificamente compreendido e amplamente reconhecido.
“A umidade na massa de ar móvel cai na forma de chuva e repete o processo enquanto se desloca em sentido oeste. Isso ocorre a todo instante. Essa foi, na verdade, uma das descobertas científicas mais importantes do século 20: em vez de a vegetação ser simplesmente consequência do clima, a ciência demonstrou que a vegetação afeta o clima”.
Hoje sabemos que, além do desmatamento, o uso amplo de queimadas e as mudanças climáticas estão todos empurrando o sistema amazônico em direção a um ponto sem retorno.
“É difícil fazer uma estimativa precisa de onde se situa esse ponto, mas aqueles de nós que acompanhamos esses estudos pensamos que é provavelmente quando 20% da floresta tiver sido derrubada”.
No momento, interesses econômicos no Pará estão promovendo leis que vão degradar as áreas nacionais protegidas já existentes. Na semana passada, o Senado ratificou duas medidas provisórias que reduzem áreas de conservação na Amazônia.
THOMAS LOVEJOY, professor de ciência e política ambiental na Universidade George Mason (EUA), trabalha na Amazônia desde 1965.
Destaco daquele período de minhas atividades no governo de Mato Grosso mais três acontecimentos: a criação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, a criação do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, e o Anel Ecológico. 1. A cantora Tete Espíndola levou agua de Chapada para celebrarmos a criação do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães. 2. Com o prefeito de Diamantino no encontro de prefeitos do Anel Ecológico. 3. A criação e edição do Jornal de Chapada.
Desde então, 30 anos de desmatamento contínuo da floresta amazônica. Desatino, demagogia, ganância, burrice, e muita corrupção praticada por políticos e governantes que deveriam zelar pelo patrimônio nacional.
Atualmente, poucos são os movimentos em defesa do Meio Ambiente em atividade permanente. Nunca mais Mato Grosso celebrou com dignidade e criatividade o Dia Mundial do Meio Ambiente!
Trilha sonora:
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