Ultimamente, está sossegada. So far so good. Mas, ela já me assustou. Discutimos, brigamos. No final ela ganha. O corpo segue a trilha do fim da vida. Uma mostarda inchada, um caroço, podem derrubar gigantes. Acabou de acontecer com uma pessoa do meu cada vez mais reduzido círculo de amigos. Seis anos mais moço. 1.80. Atlético. Bonitão. Fama de espada. Machão comedor internacional.
Ele mandou avisar: “diga ao Jota que morri virgem”.
Tremendo gozador. Piada para tudo. Ele imitava famosos. Ajudou-me acordar da insônia política provocada pela empolgação da volta às raízes em busca de amizades juvenis, lutas estudantis. Deixando em Nova York, onde não há uma segunda chance, a fase Midas de minha vida. O falecido ajudou-me a curar prostatite ideológica.
Eu estava ensinando russo aos papagaios. Inglês aos periquitos. Portunhol às araras. A sala de aula num imenso jatobá na minha Estância Jamacá em Chapada dos Guimarães. E para não inchar de cerveja e sal grosso na carne, lingüiça, coração, moela, à beira da piscina, bebendo quantidade não recomendável de Natu Nobilis.
No governo te regalam com Johnny. Fora dele com 51.
Quando resolvi que não dava mais, e deixei o governo, a fase dourada das cestas de vime- com Ballan, Johnny, Dimple’s, Royal Salute, o meu preferido Chiva’s, castanha-do Pará, de caju, patê, azeite extra virgem, uvas, nozes, chocolate, vinho tinto importado, champanhe, com cartões de empreiteiras, lobistas, políticos, “admiradores”- havia terminado. As cestas da sedução foram muito bem recebidas em outros endereços. Pelo preço e qualidade dos importados, sangrando a poupança dolífera sob os cuidados do morto que nunca deixou um dedo testar a sua próstata, eu fiquei no que podia. Não no que queria.
Na palavra próstata ele desconversava.
Ambos com insônia crônica ficávamos um tempão ao telefone. Ele repassava os acontecimentos nacionais e internacionais. Sabia que eu não estava bem. Ajudava falando das suas últimas cantadas diplomáticas. Fazia-me rir descrevendo transas e tranças. Nunca chamou a cobrar. Contei-lhe sobre a minha próstata. Como me livrei de biópsia impositiva, na maior frieza, por um urologista cuiabano sócio ou dono de laboratório onde a biopsia seria feita. Sem o seguro saúde. Pagamento à vista. Disse-lhe como descobri o Dr. Miguel Srougi. Ele pediu-me um DVD da minha entrevista no programa do Jô.
Brincava com os outros e consigo mesmo. Faleceu no último 15 de novembro. Como pode um sujeito bem informado, culto, analista social, dialético, com acesso ao melhor da medicina, deixar-se derrotar, ir para o suicídio, com “medo” de um dedo? E me deixar falando sozinho nessa multidão de político com uretrite mental. Cancro ideológico. Malandragem eleitoral prostática.
Na terra de mitos, dogmas, grilos, espertalhões, curandeiros sociais, superstições, o dedo profilático e preventivo de um doutor Barbosa faz diferença.
O livro, a biopsia, a urologista do Sírio Libanês.
Sempre fui muito bem tratado por médicos que me atenderam. Nunca precisei de uma second opinion. Mas, estava arrasado. Sua Divindade o doutor cuiabano não deu chance. Diante de sua sapiência fiquei calado. Mas, biopsia não deve ser algo simples do receituário. Muito maior que o desconforto físico é o impacto psicológico, o grilo, a dúvida que atormenta.
You must be 100% sure. Biopsia é invadir. Provocar. Cortar.
Estava sem alternativa. Ia fazer a biopsia em Cuiabá. Mas, toda vez que estou em bola dividida. Na dúvida. No excesso. Na reserva técnica. Ele ou Ela descem da Galáxia J40 e mostram o caminho. Dessa vez não foi diferente. Acessei para ler sobre biópsia na próstata. E lá estava recém lançado o livro de capa vermelha, Próstata, de Miguel Srougi. Voei. Cheguei esbaforido ao hospital Sírio Libanês para ouvir: “Consulta com ele, pra já, impossível”. Insisti. Apelei. Veio o Assistente. Ele ou Ela desceram. Olha a “sorte”: o jovem médico acabara de chegar de Cuiabá onde participara de cirurgia de próstata.
Viu que eu estava com aquilo apertado.
Com medo não da biopsia, mas, do resultado. O jovem médico entendeu. Não me mandou sentar e relaxar. Deu corda. Ficamos um tempão conversando sobre o Pantanal, Chapada dos Guimarães, Nova York. Graças a ele fui atendido por Chefe de Setor. Pela grandeza feminina de urologista do Sírio Libanês. Não dormi. Cheguei cedinho para a biopsia. Vendo tudo pelo vídeo. Esperando as radiografias e a pancada na cabeça. Foi a voz feminina mais linda que ouvi:
“Nada de biopsia. Está tudo normal. Radiografias feitas em ambiente de muita umidade, calor intenso, o material, podem ter manchas e levar à interpretações duvidosas”. Ela, de uma gentileza ímpar, deixou-se abraçar. Beijei-lhe as mãos.
Antes do Jô entornei Na isdarovia
Depois das doses de Stolitchnaya Na Isdarovia cheguei ao estúdio rindo. Falando com as paredes. Dando alô a todo mundo. Perguntava a mesma coisa, várias vezes, ao Dinho. Quando me maquiaram senti-me nas nuvens. Artista global. Não foi a minha melhor entrevista. Livre do peso, nas duas cabeças, sentia-me aéreo, variado. Pouco falamos do Dia do Brasil, o motivo de minha entrevista.
Dezoito horas antes eu desembarcara de Cuiabá. Na marca do pênalti. Sozinho na Paulicéia vinte vezes mais desvairada do que Nova York. Mas, agora, sem biopsia. Com 0.94gr no volume da próstata. Entrevistado pelo Johnny Carson da TV brasileira (a quem via por mais de vinte anos em NY). Sentia-me flutuando. Quase falo da minha próstata para o Brasil no programa do Jô.
Passaram-se dez anos. So far so good!
No último exame PSA, maio deste ano, volume da minha próstata 1.84 gr. Referencia: 40-50 anos-volume médio 0.7/máximo 2.5. De 50 a 60- 1.0 /3.5. De 60 a 70 anos 1.4/4.5. De 70 a 80 anos-2.o/6.5.
O meu primeiro dedo foi o de Jesus. Em Nova York.
Em Moscou, passávamos por check-up semestral, ou mais, quando voltávamos de férias no exterior. Não se falava em AIDS. Era gonorréia. Que a maioria de estudantes latinos já havia contraído. O meu “batismo de homem” foi com 14 anos. Nem na “zona” no Beco do Candeeiro ou no Baú se transava com camisinha. Artigo de luxo. Para poucos. Já dediquei um RH ao PT: pavilhão de tuberculosos onde conheci um pouco mais da alma russa e tomei quantidade industrial de antibiótico para debelar a tuberculose linfática. Mas, não havia exame de próstata. Afinal, a maioria universitária estava nos seus anos vinte.
Jesus Cheda. Excelente clínico-geral brasileiro. Craque em diagnosticar. As piadas rolavam na Rua 46: “vai lá, Cheda te espera”. “Gostou. Tá indo muito ao Cheda”. “Vai que Jesus te acalma”.
Quando poucos médicos sabiam da importância do exame de sangue PSA, eu fiz um. Cheda, um dos pioneiro nos antioxidantes. Ele insistia que eu tomasse Selênio, Betacaroteno, comesse muito tomate (licopeno). Ele foi presidente de Associação de Câncer em Manhattan. Pacientes famosas. No seu consultório na Rua 57 fiz sala de espera com Sharon Stone. Dr. Jesus Cheda, a meu lado, na abertura do Dia do Brasil.
No Brasil é muito PP.
Para tranquilizar eu dizia ao amigo Machão comedor: “Vá ao Cheda, o dedo dele é fino”. No Brasil, falou em Próstata tem que ter Piada. E a maioria de humor negro. “O primeiro dedo a gente nunca esquece”. “É só começar depois acostuma. Quer voltar a toda hora”. “Para melhor resultado procure um médico de dedo grosso”. “Morro, mas no meu, dedo não entra”. Pois é, muito homem tem péssima qualidade de vida, tem morrido, por não ter feito exame de próstata, com regularidade.
Angelina Jolie ao lado de sua mãe, Marcheline, que morreu com câncer, aos 56 anos. Robert De Niro superou a doença, faz campanha pro exame de próstata. O ator Denis Hopper, Orestes Quércia, Pablo Neruda, sucumbiram vitimas de câncer na próstata. O câncer de mama deixou de ser tabu graças ao trabalho voluntário de mulheres famosas criadoras de imagem, formadoras de opinião, como Angelina Jolie. O câncer de próstata em área ligada ao sexo é pecado, feio. Escondido, mata em silêncio.
Ficha Saúde Limpa
Venho defendendo ficha saúde boa/limpa para TODOS os candidatos a cargos eletivos. Mas, nós continuamos piegas, cultivando caridade hipócrita prejudicial ao país. O brasileiro incentivado pela grade televisiva nacional continua tendo atração chorosa e mórbida por candidato doente, salafrário, espertalhão. É o coitadinho politico, é o coitadinho bandido, é o coitadinho corrupto, é o coitadinho preso, de nossa cultura contaminada por uretrite ideológica.
Exemplo: o vice presidente de Lula. Já se sabia que ele estava nocauteado. Lutando bravamente contra um tipo de câncer violento, repetitivo. Mesmo assim, o Lula Paz e Amor precisava amenizar a imagem de operário “revolucionário” com um empresário candidato a Vice. De sucesso. Mineiro tradicional. E mais uma vez o interesse eleitoral foi superior aos interesses da nação. Minutagem para o programa eleitoral gratuito na TV. Apoio do PR no Congresso. Elegeram e paparicaram José Alencar. Oito anos no poder. Um peso à nação.
A nossa cultura politica é de aplauso pela “esperteza e jogada eleitoral” de marqueteiros santificados, galináceos. Admiramos candidato “carismático” -e mentiroso-que fala a linguagem do povão. Maior a andropausa. A cistite política. Maior a doença moral, maior o choro solidário de seus eleitores.
Delírio e irresponsabilidade.
Hugo Chávez é o exemplo marcante de como um Chefe de Estado, líder de um país, não deve proceder com seu povo. Com países com os quais fechou acordos, selou negócios. Dos quais recebeu bilhões em ajuda.
Achando-se imortal Hugo Chávez foi empurrando o câncer com a barriga e mentira televisiva. Uma hora era na bexiga. Outra, na região pélvica. Não teve coragem de dizer onde era o seu câncer. Ou seja, caribenho, conquistador, líder popular, machão latino, não pode dizer que levou um dedo no ku e tem câncer na próstata.
E o país intoxicado adoeceu com ele. Ate que não deu mais. O Amigão n.1 do quarteto ideológico que manda na política externa brasileira foi curar-se em Cuba. Fez estardalhaço do tardio, do impossível. Na hora da morte, acovardou-se: “não me deixem morrer”. Estadista não engana, não manipula, não explora sentimentos do seu próprio povo. Só delirantes e megalomaníacos fazem isso.
“Hugo Chávez não morreu de câncer. O Império o envenenou”.
E o pior para Venezuela: embalsamado, idolatrado, virou Santo. Com direito a romaria. E sabe quem mostrou o sudário, neste ano XIII do século 21, em rede nacional de TV? Não foi um curandeiro. Pastor ou padre que exorcizam demônios. Xangô cubano. Pai-de-santo de voodoo haitiano. Foi o presidente da República Bolivariana da Venezuela, país nosso vizinho. Moreno anunciou armar um milhão de defensores de “La Revolución”? A Amazônia e o Brasil que se cuidem.
Sudário com a cara de HC. No Brasil, Marta Suplicy proclama que Lula é Deus. Na Venezuela, Hugo Chávez foi canonizado como o Jesus latino, bolivariano. Nessa ganhamos: o Papa é argentino. Jesus é venezuelano. Deus é brasileiro.
“Hugo Chávez não morreu de câncer. O Império envenenou o nosso líder”. Ou seja, El negrito de Washington mandou matar HC que desandou a fazer milagre nas favelas de Caracas. Terra de Miss e petróleo. Fragilizada por altíssimo índice de criminalidade. E muita censura. E muita corrupção.
Adoeceu? É sério?
Deveria deixar o cargo. Ir se tratar com dignidade. Com respeito aos que o elegeram. Mas, não! No Brasil, os Caras com capacidade produtiva reduzida, limitação de pensar e decidir com clareza, não largam o osso da República, do Estado, do Município. Quanto mais doente mais ele fuça, mexe os pauzinhos, por mais vantagens e aposentadorias. Com o pé-na-cova e dentro do caixão o Cara continua conseguindo isenções, doações, “bolsas”, para si e sua família.
Recebem o melhor atendimento médico-hospitalar. O povão que o elegeu aguarda na fila da morte ultrassonografia de próstata (de mama, útero, ovário, rim, fígado, pulmão). Com procedimentos cirúrgicos caros, milhares desistem de esperar por um dedo no kú do sistema brasileiro-cubano de saúde pública. O manto e a sombra sagrada de Hugo Chávez pairam sobre Brasília. E a militância reza e aplaude.
Quando votamos assinamos uma promissória cívica em branco. Entregamos sonhos e alternativas para os eleitos. E esses devem ter Ficha Limpa e Saúde Boa. Caso contrário, ficamos na lengalenga social, jurídica. Jogamos tempo e esperança fora quando votamos em doentes crônicos, terminais.
Dr. Miguel Srougi: “Você só é livre quando tem saúde”. Todo homem nasce programado para ter a doença e se viver ate os 100 anos vai contraí-la. Ela aumenta de tamanho depois dos 40 anos. Esse crescimento da próstata não tem causa conhecida, surge pelo desequilíbrio hormonal no homem maduro. O tumor dentro da próstata é eliminado com sucesso em 80, 90%. Se esse tumor não é identificado no momento certo e se expande saindo da próstata as chances caem para 30%”.
O toque: “um dos meios para se detectar a doença gera na cabeça dos homens fantasia negativa e receios. Na verdade, ele tem medo da dor. No ano seguinte perdeu o medo. E tem medo da doença ser descoberta. Ser considerado fraco. Afetar a imagem. Perder poder sobre outras pessoas, pois, ninguém obedece a um fraco, alguém que vai morrer”.
Dicas da minha próstata: Ingerir licopeno o pigmento que dá cor à melancia, goiaba vermelha. Tomate pós-fervura. Precisa ser molho de tomate. Não pode ser cru ou seco. 1 cápsula de vitamina E por dia. # Há Selênio em grande quantidade na Castanha – do Pará. Coma duas castanhas por dia. Peixe, Ômega 3, três porções por semana. Tomar sol sintetiza vitamina D que combate o câncer.
Deixar de frescura. Um dedo, uma vez por ano, não vai deixá-lo menos homem. Cidade pequena, médico linguarudo? Com medo do que vão falar na escola, bar, sinuca, no trabalho, futebol, na zona? Faça o exame em outra cidade. Não esconda de sua companheira, filhos. Qualquer problema na uretra, bexiga, próstata, interfere e muda hábitos domésticos da família. Criar entorno favorável ao paciente é fundamental para o tratamento e cura. # Não vá fazendo biopsia. Procure uma segunda e terceira opinião médica. Ou:
Grilado? Vergonha de ficar de-quatro com um dedo de homem no fiofó ? Faça o toque com uma médica. João, machão mineiro, sentiu-se tão bem e à vontade com o dedo da médica que a pediu em casamento. Happy end.
Política Nacional de Saúde do Homem: no papel somos imbatíveis. Tanta boa coisa criada. Tanta lei necessária. Mas, na prática? Desde 2009 existe no ministério da Saúde a Política Nacional de Saúde do Homem. Prevendo aumento de ate 570% no valor repassado às unidades de saúde por procedimentos urológicos, planejamento familiar, como a vasectomia, e ampliação em ate 20% no numero de ultrassonografia de próstata. Focando homens de 20 a 59 anos de idade.
Das 5.570 cidades brasileiras apenas setenta, incluindo as capitais, aderiram à Política Nacional de Saúde do Homem. A cistite partidária de Brasília não deixa a saúde ser realmente pública. O governo com uretrite administrativa importa médicos-quebra-galho para receitar Voltaren e “curar” dor no afago ideológico. Enquanto isso cresce o número de óbitos por câncer de próstata. Faça do novembro azul uma rotina anual ou semestral.
Trilha sonora: Trilha sonora: MOITINHA DEDO GROSSO A MUSICA DA PROSTATA . Em São Joaquim/RGS visitando amigo dos tempos brizolistas de NY pedi-lhe que escolhesse a música deste RH. “Tem outras mas indico a do Moitinha”.
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