Chineses compraram The Waldorf Astoria Hotel. A notícia deixa em mim vazio de nostalgia.
No Grande Salão do Waldorf eu dei o melhor de mim pelo meu país. Quando começamos o Carnaval do Brasil havia dois grandes eventos no hotel: o Baile de Debutantes: filhas de magnatas da construção civil, de Wall Street, bisnetas e netas de presidentes. E a celebração do Ano Novo com a orquestra de Guy Lombardi.
1. Jackie Kennedy com o Duque de Windsor 2. Debutantes, neta do presidente Eisenhower e Julie Nixon filha do presidente Richard Nixon. 3. O presidente Reagan, ao lado o presidente Jimmy Carter. 4. O Salão da nobreza, verde e rosa com Jamelão, Beth Carvalho, passistas, ritmistas,…
Em cinco anos, o Carnaval do Brasil era notícia de horário nobre da ABC, NBC, CBS, Rádios, jornais. Ao celebrarmos dez anos já éramos um happening no calendário de eventos NY.
A imagem do carnaval brasileiro, o desejo de conhecer o Rio, o Brasil como destino turístico, entraram no imaginário de nova-iorquinos e americanos, reforçados pelo jornal The Brasilians, o Clube Brasileiro de Viagem e os eventos do Brazilian Promotion Center. A Rua 46 a três quadras do Waldorf se consolidava como Little Brazil.
Celebramos 15 anos com o Baile da Democracia.
Regressei para o Brasil, de mala e cuia. As vezes perguntavam: “Não há mais Carnaval em Nova York como o seu no Waldorf Astoria. E aí, topa voltar com o Carnaval do Brasil?”.
Ninguém repete gol marcado. Faz outros, mas, não iguais. Emoções são únicas. Vitórias e derrotas também. Sim, com credibilidade e fama, alimentei a possibilidade de repetir o Carnaval do Brasil no Waldorf. Mas, os chineses mataram para sempre o meu sonho de uma noite de inverno. ( Nas imagens, Ricardo Amaral com o Clube A em NY e Warren Hoge, editor do jornal New York Times, receberam o troféu Democracia.
Curiosidades do Waldorf
Disputa entre dois primos resultou em dois hotéis. Em 1893, na Rua 33 com Quinta Avenida, William Waldorf transformou a residência da família num hotel de 13 andares com 450 quartos.
Seu primo John Jacob Astor construiu ao lado o hotel Astor. Em 1912, John morreu no desastre do navio Titanic. Em 1919, William com uma passarela uniu os hotéis que passou a ser The Waldorf Astoria. Em 1929, vendeu o hotel com terreno ao lado. No local foi construído outro ícone de NY: o Empire State Building.
Em 1931, nasce no número 100 da Park Avenue o novo Waldorf Astoria com 47 andares e 2 mil quartos. Os Hilton compraram o WA e o venderam por 1.95 bilhões de dólares para a chinesa Anbang Insurance.
Quando eu marcava encontro, era sempre no relógio (de 1893) no meio do hall principal. Há 123 candelabros de puro cristal austríaco. Adivinha onde o maior e mais caro? No Grande Salão. Ao redor dele decoração de carnaval. Imagina engraçadinho ou doidão puxando fazendo-o balançar…
No sub solo, um vagão de trem da antiga estação. Foi usado para transportar elefantes para Festa “louca” da colunista social Eliza Maxell. E usado para conduzir o presidente Franklin Roosevelt em sua cadeira de rodas para eventos no Grande Salão.
Conheci a suíte 33ª do compositor Cole Porter. Nela ele escreveu ícones da música americana de 1939 até a sua morte em 1964. Frank Sinatra ficou com a suíte de 5 quartos, 5 banheiros.
(O piano de Cole Porter ícone do Waldorf Astoria). Pergunto: onde está o piano no qual Ary Barroso compôs Aquarela do Brasil?
Com as amizade$ internas eu e Nádia dormimos na suíte que Marilyn Monroe ocupou.
Desde 2010 nova-iorquinos podem cultivar abelhas em telhados e jardins. O WA tem aviário com 300 mil abelhas. O mel servido no hotel é próprio.
Curiosidades do Carnaval do Brasil
Repito o que já escrevi e declarei: meus agradecimentos aos que estenderam a mão, incentivaram, deram apoio concreto para que o Carnaval do Brasil no WA fosse sucesso contínuo: Oscar Ornstein, Caribe da Rocha, Oswaldo Trigueiros (VARIG), Wilson Fadul (BANERJ) Trajano Ribeiro (RIOTUR), Jorge Goulart, Nora Ney, Escola de Samba Mangueira.
( 1. Os jurados do disputado concurso de fantasias sempre formado por celebridades. Na imagem, Janete Bezerra dá flores para Marcia Kubitscheck, filha do presidente JK. 2. Adriana Krambeck, Miss Michigan USA, entregando Certificado de Participação para Beth Carvalho. 3. Cartaz promocional Ponha um pouco de Brasil na sua vida no Salão Nobre do WA. 4. Jota Alves com passistas e dançarinas).
Sempre agradecido serei aos brasileiros de minha geração nova-iorquina, aos amigos e amigas de muitas nacionalidades, apoiadores do Carnaval do Brasil no WA, e de minhas muitas outras promoções em NY.
Pela autenticidade, trazia do Rio de Janeiro cantores de Carnaval, passistas, ritmistas, músicos. Jair Rodrigues foi o primeiro da grande série de sucesso. Temático, promovíamos o Brasil além do carnaval. O Baile do Café, da Amazônia, do Galo, ( Atlético mineiro), do Vermelho e Preto ( Flamengo), Carnaval das Nações. Grande sucesso foi o Carnaval dedicado à Independência dos Estados Unidos: To a great people, to a great nation.
Estava anunciando Black Out em Nova York. Quando, de fato, houve apagão na cidade. Para alguns, parecia piada de mau gosto. Não era. Pedi que Black Out levasse o uniforme do General da Banda. No palco, ele me abraçou, emocionado disse: “Quem diria, o velho General aqui nesse frio, nesse palco”.
A modelo e atriz Maria Rosa, no seu auge, a promovi como a mulata mais bonita do Brasil. Figueiredo, embaixador de Angola na ONU, usou seu amigo e meu, Paulo Nascimento, para saber detalhes e duração da viagem, local de hospedagem…Encheu o quarto de Maria Rosa de flores, presentes. Casaram-se!
Brasileiras dançando em cima de mesa no tradicional Salão Nobre do conservador Waldorf Astoria HotelA? Muito amor à primeira vista. Muito namoro com casamento. Sou padrinho de uns quantos.
Segurança paga por mim, exigência do hotel. Tony Mamufo, ator, amigo, segurança de Silvester Stallone montou equipe de 20 homens. SS estava no pique com os filmes Rocky, Rambo. “Ele vai, ficará no camarote, mas, não anuncie, não mande fotografo”.
Paulo Nascimento recebe a atriz Candice Bergen. E assim, atores, atrizes, gente famosa, iam ao Carnaval do Brasil sem que eu soubesse.
Na surdina, o poderoso ministro Delfim Netto foi ver o Carnaval. Sempre crítico, reclamou que não tinha confete. Entrei na dele. No próximo ano enchi mesas e camarotes com saquinhos de confete e serpentina. Seis meses depois o hotel ainda reclamava de confete nos tapetes, cortinas, no salão, e fora dele. Se usasse confete, a multa seria alta. Nunca mais.
De repente, o Inspetor do Corpo de Bombeiros tira o isqueiro e começa a testar as peças de decoração. Lindas e caras. Todas tiveram que ser retiradas. Material carnavalesco do Brasil não era, não é, a prova de fogo.
Mesas e ingressos eram vendidos com antecedência, Mas, a venda de ingressos na portaria era boa. Gente que trabalhava até as onze, meia noite, chegava e queria entrar de qualquer jeito. Muitas vezes tivemos que fechar as portas. Mais dinheiro não valia o risco futuro.
Coisa de deslumbrado: O dinheiro da portaria eu levava para o cofre na suíte. Arrecadamos uns 15 mil dólares extras. Deslumbrei. Cobri Nádia com notas de dólares. Celebramos com champanhe, é claro!
Saudade é coisa de brasileiro
Há tanto para ser dito, lembrado. É no exterior que aflora com mais intensidade esse feeling genuinamente brasileiro Os demais povos têm nostalgia, solidão, lembranças. E de saudade eu entendo. Mais de trinta anos fora do Brasil consolando e consolado nas perdas, sonhos, frustrações, desejos, derrotas, vitórias.
Com saudade, pois, a gente sai do Brasil, mas, o Brasil não sai da gente. Mas, com o advento da webcam, Youtube, facilidades de comunicação, a saudade não é mais a mesma. Você pode ver e falar com a sua vó, irmã, mãe, todos os dias.
Nos anos 70, árabes compravam prédios, mansões, hotéis. Donald Trump construiu e comprou hotéis, como o histórico Plaza Hotel. Gostaria que Trump tivesse comprado o Waldorf. Mas, atualmente, os magnatas, oligarcas e novos ricos da China torram dinheiro mundo afora. Eles compraram o meu querido Waldorf Astoria. O espaço mais bonito, mais charmoso, mais lucrativo, de minha vida em Nova York.
Fico contente com brasileiros e brasileiras organizando, promovendo, divulgando, o carnaval made in Brazil, mundo afora. Enquanto no Brasil, prefeitos e governadores por falta de “recursos” ( com milhões roubados) deixam de promover e organizar a nossa maior festa popular.
By By meu querido Waldorf Astoria. By By Carnaval do Brasil.
Trilha sonora:
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*Jota Alves fundou o jornal The Brasilians. Promoveu o Carnaval do Brasil por 15 anos consecutivos no Waldorf Astoria Hotel. Criou o Brazilian Day na Rua 46, New York. Formado em Direito Internacional, Moscou. Exerceu funções de Secretário de Governo em Mato Grosso. Edita www.oreporternahistoria.com.br. E com Adriana BH e Irene Poconé www.odiadobrasil.com