A primeira bandeira brasileira já tremulava na Rua 46, centro de Nova York, quando as Torres Gêmeas foram inauguradas. O jornal The Brasilians, com z, tinha 13 meses de vida. E, por ser Publisher, Editor, de jornal de língua estrangeira, porta voz de comunidade, eu estava com o crachá Press entre milhares, lá em downtown, no dia 4 de novembro de 1973.
O início da obra: 1966. Arquitetos: Minoru Yamasaki e Leslie Robertson. O prédio mais alto do mundo era propriedade da Porth Authority (Fundo Portuário de NY).
Susto: incêndio em 1975. Desejo de consumo terrorista as torres foram alvo de atentados por toda a década de setenta, oitenta. Em 1993, ataque a bomba em seu subsolo. Em 2001, 19 terroristas conseguiram, facilmente, entrar nos Estados Unidos, fazer cursos de piloto. Sequestraram 4 aviões. Dois foram jogados nas torres. 1 sobre o Pentágono matando 184 pessoas. 1 caiu em Shanksville, Pensilvânia, 40 pessoas morreram.
Morreram 2.753 pessoas. 372 estrangeiros de 80 nacionalidades. 343 bombeiros. 23 policiais. 411 voluntários morreram ao tentar salvar vidas. 41% dos mortos não foram identificados. 1, 8 milhão de toneladas de destroços. 750 milhões de dólares para limpar a área. Foram 99 dias para apagar o incêndio. Rudolph Giuliani era o prefeito de Nova York.
As torres lideravam os ícones da cidade: Empire State Building, Rockefeller Center, Chrysler, Pan American, City Bank, Waldorf Astoria Hotel. Foram destruídas pelo ataque terrorista de 11 de setembro de 2001.
Quinze anos do ataque. Das cinzas, a mais alta torre do Ocidente* com 541 metros de altura, 104 andares, 70 elevadores, 9 escadas rolantes. 1.776 pés de altura em homenagem à data da Independência dos Estados Unidos (4 de julho de 1776). No último andar uma viga foi autografada pelo presidente Obama e mais 100 operários. (*A mais alta torre do mundo é a Burj Khalifa, em Dubai. Tem 828, 1 metros).
PEARL HARBOR: 7 de dezembro de 1941: 2.400 mortos
O delírio de grandeza do Almirante Yamamoto e o fanatismo mortífero de Osama Bin Laden causaram dois ataques covardes sobre território americano. E provocaram reações internas e externas que mudaram o mundo.
“É verdade Jota, liga a TV”.
Estava no Jamacá, na serra, em Chapada dos Guimarães, a 70 km de Cuiabá, quando Quinho Grossi chamou de Brasília: “Jota começou a terceira guerra mundial. Estão atacando Nova York”. Devia ser umas 10 horas da manhã. Sonolento de noites mal dormidas, pensei, mas, que jeito de acordar uma pessoa!! “É verdade Jota, liga a TV”.
Doloroso ver gente caindo e as torres despencando. Eu que a via todo dia quando saia do apertucho que dividia com o amigo Paulo Nascimento na Prince Street, Village. Ou quando, aos domingos, caminhava da Rua 65 a Wall Street, Torres, Battery Park.
Caminhando por suas Ruas, conhecendo vitrines e coisas, descobri a Big Apple. A cidade- porto seguro que me acolheu. Mais um estrangeiro em seu melting pot. Fazia frio naquele dezembro (+4, 5 graus) quando desci da Aeroflot em seu voo inaugural para Nova York. Mas, muito menos que em Moscou (-10 graus).
Cheguei na cidade símbolo do capitalismo com patrimônio da capital do comunismo: um casacão de inverno cor de burro castanho, botas galvanizadas duras, 75 dólares, um dente de ouro, uma coleção de selos, entre os quais o famoso Olho de Boi da Republica, mais tarde vendido por 1.500 dólares ( bom money na época), dois ícones de santos da igreja cristã ortodoxa, um ovo de Páscoa imperial Faberge, presente da diplomata chorando ao me ver partir.
I’ts up to you
“Depende de você” entender, captar, viver, a democracia nova-iorquina. Vindo da União Soviética, e com o visto de entrada temporário expirado, passei pela ansiedade e o medo que milhões passam: ser deportado (no meu caso: sem ter para onde ir, sem dinheiro, sem amigos).
Fiz o que milhares fazem: casei-me para obter o Green Card (Visto de Residência). Aeromoça da Pan American foi minha anja americana (Presidenta ou presidente?). Um ano depois: “Eu queria ter filhos. Ela não queria, pois, interromperia a sua profissão, teria perdas”. Nunca houve divórcio. O bom advogado conseguiu anulação. História já contada em parágrafos, capítulos, textos, neste blog e no www.odiadobrasil.
Vamos direto à pergunta: por que em tempo recorde alcancei sucesso em minhas atividades. Seria o canto de Frank Sinatra: “Se você vencer em Nova York, vencerá em qualquer lugar”. Não é bem assim.
O tambor do mundo
A magia de Nova York está em tocar seus tambores. Oferecer e criar oportunidades para penetrarmos em seus mistérios e oportunidades. Deixar de ser imigrante, um outsider. Estar IN. E fazer parte dela.
1. Edward Koch, prefeito de Nova York, segurando o jornal The Brasilians. Ele assinou a Proclamação oficializando o Brazilian Day no calendário de eventos da cidade. Convidou-me, duas vezes, para o breakfast na Grace Mansion, a residência oficial do prefeito da mais espetacular cidade do mundo. 2. Não é aconselhável participação política partidária ate que se tenha conquistado posições sólidas. Foi o que fiz no Comitê para eleger Mario Cuomo governador de Nova York. Ele foi eleito, reeleito, e elegeu seu filho governador. Abri boas relações com a municipalidade e o Estado. A cidade muda o trânsito, disponibiliza policiais, agentes sanitários, gasta milhares de dólares para atender o Brazilian Day e a multidão de brasileiros e seus amigos de muitas nacionalidades.
Nova York vive dos que vivem nela. Eu recebia guarida, paz para progredir, e oferecia à cidade iniciativas, comportamento, crédito, honestidade. Com dedicação e seriedade fiquei IN. As minhas empresas e eventos passaram a fazer parte do calendário da cidade mais “estrangeira dos Estados Unidos”: o Clube Brasileiro de Viagem, o Brazilian American Promotion Center, o jornal The Brasilians, os Cursos de Português com Sotaque brasileiro, uma Rua Chamada Brasil, o Carnaval do Brasil no mundialmente famoso Waldorf Astoria Hotel (15 anos consecutivos) e finalmente, mas, não o último, o Dia do Brasil. Atualmente são 20 Brazilian Day pelo mundo.
Se Nova York tem magia, o Brasil também tem.
E foi o nome, a beleza contagiante e vibrante do nosso país, sua música, futebol, negócios, culinária, o jeito de ser do nosso povo, que deram-me forças, prestigio, sucesso. Mas, antes de mim, o Brasil se destacava, brilhava, abria caminho nos Estados Unidos, principalmente, em Nova York, com:
Carmen Miranda. O show de Bossa Nova no Carnagie Hall. Sergio Mendes e o Brasil 66. Pelé jogando no Cosmos. O Carnaval do Brasil no Waldorf Astoria, (Happening entre os dois grandes eventos anuais: o Baile de Debutantes da alta sociedade nova-iorquina, o Reveillon do Waldorf), e o Brazilian Day. Foram, e são muitos, os que promovem a boa imagem do Brasil.
Os brazucas engraxates
Quando vejo imagens da destruição enxergo fantasias de carnaval, mulatas, ritmistas, desfilando, dançando, entre as mesas do restaurante Janelas do Mundo. Todo ano, artistas que eu trazia do Rio de Janeiro se apresentavam naquele espaço deslumbrante. Após esses shows e com mais turistas brasileiros o restaurante passou a contratar brasileiros. Indiquei vários.
Enxergo também a engraxataria no hall das torres onde brasileiros disputavam gorjetas e faturamento alto. E se estivesse em Nova York em 2001 teria fuçado para ficar totalmente tranquilo quanto à ausência de engraxates brasileiros entre os mortos.
Os rapazes chegavam ali bem cedo. Deveriam estar lá no primeiro e segundo ataque. Muitos ilegais, não “existiam” para o Consulado do Brasil. Conhecia P.J. de Guaxupé, MG, que batalhou para pagar a “joia” da cadeira de engraxate na torre 2. Ninguém nunca mais soube dele. Desapareceu da face da terra. Morreu lá?
Nesses quinze anos das torres destruídas o desafio do jornalismo investigativo continua a mexer comigo. Morreram apenas 4 brasileiros naquele 11 de setembro de 2001? E os brazucas engraxates? Eles eram uns 12 se revezando e faturando na engraxataria capitalista mais lucrativa do mundo.
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