* Trilha sonora:
Emoção, alegria, quando recebi de Maria Cecília, noticia e imagens da Escola de Samba Império do Papagaio. Há Escola de Samba no Japão. Na Europa, temos grupos de pagode, forró, capoeira, carnaval.
Na abertura do primeiro Brazilian Day, em 1985, no centro de Nova York, avisei “este é o maior acontecimento brasileiro no mundo. E será forever. E comigo, seu palco, estará sempre aberto para os nossos artistas e músicos. Para a imprensa escrita, falada. Para os canais de TV, sem discriminação. É o dia de todos os brasileiros”.
Com o Dia do Brasil Nova York conheceu passistas, ritmistas, desfile de fantasias. Celebramos com samba o Dia do Brasil em Xangai, a “Nova York da China”. Sinto saudade do pessoal da Escola de Samba Pé-de-Boi, em Nova York. Do Carnaval do Brasil no mundialmente famoso Waldorf Astoria Hotel.
Ver finlandeses, principalmente, crianças, da terra do Papai Noel, aprendendo samba é mais que um presente de Natal. É maravilhoso vê-los dedicados, empolgados, promovendo, divulgando, samba e carnaval, ícones de nossa cultura. Já um tanto confinados no Brasil cada vez mais grosseiro, embrutecido, por gestores públicos e por políticos pilantras, espertalhões, mentirosos.
Ver o povo nas Ruas de Helsinki “descobrindo” o Brasil ontem e hoje, para mim, que desfilei naquelas Ruas e Avenidas, divulgando o nosso lado bom, alegre, bonito, é Viagra emocional, neste momento de baixo astral, frustração, tristeza, causadas pelo banditismo político que domina o país.
Sou um papeleiro incorrigível. Guardador de memórias e histórias não reveladas. Ao mudar de país, de casa, perdi muito de mim mesmo. Mas, sempre dei um jeito de carregar as minhas relíquias em recorte de jornal, revista, fotografia, VHS, K-7. Haja baú, caixa, armário. Que bom ser do tempo do pen drive. Atualmente, salvar, recuperar, armazenar, é fácil em DVD, CD, PC. Registre, “salve” a sua sua vida no exterior. Um dia você verá quanto importante isso é.
O VIII Festival da Juventude pela Paz e Amizade, Helsinki.
Foi assim: Secretário Geral da Mocidade Trabalhista do Brasil (Presidente, Danilo Groff, Vice, Ney Souvrolovich, Tesoureiro, Vicente Goulart). E vice- presidente da UESB- União dos Estudantes Secundários de Brasília- eu estava no centro das grandes decisões nacionais. Jânio Quadros havia renunciado à presidência.
João Goulart assumiu, com restrições. Foi-lhe imposto o parlamentarismo. Lutávamos pelo presidencialismo. Nisso, a seleção brasileira vence o mundial no Chile. Eu estava no Palácio Alvorada quando o presidente João Goulart recebeu os nossos craques.
Em seguida, fui escolhido para integrar a delegação brasileira ao VIII Festival da Juventude pela Paz e Amizade, em Helsinki. (As fotos desse festival se perderam. Anos depois, voltei a Helsinki, e graças à minha primeira namorada européia recuperei algumas lembranças).
15 de julho. A viagem foi no jato da Alitália: Rio-Recife- Dakar- Milão- Roma- e de Viena a Helsinki, por trem. 14 vagões de jovens asiáticos, africanos, europeus, latinos, norte americanos. Quatro dias. Em cada parada, flores, banda de musica, multidão, presentes, água, biscoitos, frutas.
Oscar Niemayer, presidente de Honra da Comissão Organizadora do Festival. Na delegação brasileira estavam: o urbanista Lucio Costa; Eduardo Suplicy (atual senador); Lima Duarte; Marilena Ansaldi; prima bailarina do Teatro Municipal de São Paulo; Ricardo Bandeira, aluno do mestre em mímica, Marcel Marceau; Jorge Goulart, Nora Ney, Canela, ritmistas e passistas da Escola de Samba Império Serrano.
Duas semanas de noites brancas.
Desfiles. Palestras. Encontros com jovens em trajes, turbantes, maneiras, vozes, cantos, que eu nunca imaginei existir. O Brasil foi premiado pelos filmes Cinco vezes favela, Couro de Gato, do Centro Popular de Cultura, da UNE.
As maiores delegações: URSS, Itália, China, Cuba. A ditadura de Salazar dominava Portugal. A delegação portuguesa era de umas 20 pessoas. A nossa umas 200. Eles juntaram-se a nós. Sem falar inglês, francês, espanhol, russo, a minha primeira transa na Europa foi com uma querida portuguesinha. Sou feliz por nunca ter esquecido aquele Sol da meia noite na grama de um parque finlandês.
150 delegações. Oito horas de desfile. È certo que a Finlândia sabia que um país chamado Brasil havia vencido a Suécia na Copa do Mundo de 58. Os nomes Amarildo, Vavá, Didi, Garrincha, significam muito. Mas, a Finlândia nunca tinha ouvido alguém cantar, tocar, o ritmo da terra do Pelé. Nunca tinha visto instrumentos simples e exóticos: tamborim, pandeiro, chocalho, cuíca, reco-reco, surdo. Helsinki nunca tinha visto sambá-no pé. A trilha sonora da nossa delegação foi o sucesso de Oswaldo Nunes Ôba, é o bafo da onça que acabou de chegar.
O Festival oferecia viagens aos países socialistas.
Escolhi Moscou, Polônia, Mar Negro. Na capital da URSS fui tentar uma vaga na recém criada universidade da Amizade entre os Povos-Patrice Lumumba. Resposta? Nem sim. Nem não. Mandaram-me escrever uma autobiografia. Ao regressar da viagem, a notícia que mudou a minha vida para sempre. No Brasil, dois candidatos desistiram da bolsa.
Nas minhas primeiras férias universitárias voltei a Helsinki. Vivi no aconchego de Irina, um anjo finlandês. Lavei pratos em restaurante. Faturei uns dólares para presentes recebidos com curiosidade capitalista por minhas queridas dievuski russas. Assisti Doutor Jivago, filme proibido na URSS. Recuperei algumas lembranças dos meus dias no Festival.
Parabéns aos brasileiros que se juntaram aos finlandeses na encantadora divulgação de querido ícone de nossa cultura. Obrigado, Suomi, pelos exemplos de preservação e uso inteligente de seus recursos naturais. O território da Finlândia é coberto por 69% de florestas. O povo cuida de seus 188 mil lagos. Pioneira em telecomunicações. O meu primeiro celular foi da NOKIA. Eletrônica. Engenharia. Indústria madeireira com manejo científico.
Tolerância zero com corruptos e corruptores
Educação de qualidade, como exemplo para o mundo. E da terra do Papai Noel aquela lição-presente que o Brasil poderia aprender, praticar, como o povo finlandês faz: tolerância zero com corruptos e corruptores.
Espere por mim Finlândia!
Já agendei a minha volta à Helsinki. Penso numa delegação de amigos curiosos com as noites brancas, e o amanhecer boreal com renas e trenós. Que maravilha. Que viagem de retorno fantástico pelas mesmas Ruas e Avenidas por onde dancei, cantei, com o coração jovem, cheio de brasilidade, no período mais ingênuo, bonito, leve, de minha vida. Espere por mim Finlândia. Pois, com a Escola de Samba Império do Papagaio, todo dia é Dia do Brasil!
*No idioma finlandês Suomi é Finlândia * Por problemas técnicos www.odiadobrasil.com usa o espaço do blog www.oreporternahistoria.com.br
Teste o seu BR
1.Em que ano foi fundada a Escola de Samba Império do Papagaio? 2. Ano, mês, dia, em que o presidente Jânio Quadros renunciou à presidência da República? 3. Em qual Rua de Nova York Jota Alves criou o Dia do Brasil?
“Sozinho, em grupo, anônimo, famoso, eles/elas sabem e sentem que a gente sai do Brasil, mas, o Brasil não sai da gente. Não espere por governantes. Não são eles que fazem o Brasil conhecido, famoso, admirado. Muito pelo contrário, eles continuam manchando a imagem do país.Temos magia, beleza, charme, garra. Não precisamos de PP, politico pilantra, e de aproveitadores midiáticos. Governos passam, o Brasil permanece. No exterior, faça a sua parte, a pátria agradece! (Joana, Bruxelas).
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