Trilha sonora:
Na Suécia, em 1958, o Brasil deu a volta por cima no vexame 1950. Ganhamos a Copa do Mundo. Mas, não trouxemos nada da revolução silenciosa que o povo fazia para transformar o país dos Vikings, de Greta Garbo, Ingrid Bergman, Abba, em nação governada com transparência, escolaridade, solidariedade.
O que a maioria do povo brasileiro sabe sobre a Suécia? Não sabe nada. Como não sabe nada da Austrália, Canadá, Paquistão, Panamá, Bélgica, Chile, Costa Rica, Finlândia. Vivemos o maior apagão cultural de nossa história. Somos bombardeados por notícias e entretenimento sem informação. E quando trazem informação não educam. Não ensinam. O escracho predomina.
Expoentes da cultura morrem. E o país não tem replacement.
Na grade televisiva não há um programa dedicado à política externa. E temos bons analistas, diplomatas gabaritados. Expoentes da cultura estão saindo da vida sem que o país tenha replacement. Patinamos na mediocridade, superficialidade, atalho, quebra galho. Somos o país do genérico.
Não somos mais o “país do futebol”. Lideramos em crimes hediondos. Estamos mais grosseiros, embrutecidos. A qualidade de vida não é prioridade de políticos, da elite governante. Ser eleito, reeleito. Poder e vantagens. Essas são as prioridades. O programa eleitoral mostra o mesmismo do pior.
De subdesenvolvidos para emergentes. Exportador de commodities e matéria prima. Com a indústria nacional se diluindo, importamos mais bugigangas, mais “novidades”. Meu amigo, Liu Shang, tira sarro comigo em seu português lig-lig-lé: “O Brasil vai ser o maior camelódromo do mundo”.
Empurram o Brasil para o Terceiro Mundo quando não há mais “Segundo Mundo”. Qual a prioridade: Argentina ou Austrália? Bélgica ou Bolívia? Canadá ou Cuba? Inglaterra ou Irã? Japão ou Coreia do Norte?
O presidente Lula, e seus ideólogos, com prioridades bolivarianas, distanciaram o Brasil dos centros de Saber, Conhecimento, Tecnologia, Pesquisa, Modernidade. Uma década fazendo tabelinha com Hugo Chávez, Ahmedinejad, Kadafi, Evo Morales. E os resultados para o Brasil? Qual é a imagem da diplomacia brasileira. Da política externa?
Os nossos Talebans persistem no erro com dogmas e doutrinas ultrapassadas. Mescladas com esperteza política eleitoral. Perdão de dívidas, obras, acordos, doações, no exterior, sem transparência. Tidas como “segredo de Estado”. Os poucos “paraísos socialistas” substituem os paraísos fiscais.
Vamos às urnas como rebanho vai para o matadouro. Votamos e não mudamos essencialmente nada. Aceitamos- numa boa- o anarquismo democrático. O nó cego nas instituições está bem dado. A corrupção oficial e oficiosa já faz parte do Brazilian way of life. Com merreca$. Na Moral.
A cada eleição presidencial nos prometem reforma tributária, política, eleitoral. O brasileiro trabalha, vive, é atropelado, sem um Plano Nacional de Segurança Pública. Morre nos corredores e pocilgas hospitalares. Médicos, não curam. Médicos fazem diagnóstico. Medicação, atendimento hospitalar, alimentação, moradia, saneamento básico, qualidade de vida: curam, salvam.
Soluções existem. Alternativas estão ao nosso alcance.
Uma delas está na Suécia. E o Brasil é mesmo abençoado por Deus: a Rainha da Suécia é brasileira*. E as muitas alternativas, exemplos, que a Suécia pode nos oferecer está no livro da brasileira Claudia Wallin: Um país sem excelências e mordomias:
Quero ser um indivíduo entre outros indivíduos, e não alguém tratado como uma pessoa extraordinária. Fredrik Reinfeldt, primeiro ministro.
“Um país sem excelências. Uma sociedade na qual o mandato político não confere um título de nobreza instantânea ao cidadão eleito, nem dá direito às regalias e aos rapapés…Onde madames não vão às compras em carros oficiais do Parlamento. Aos deputados suecos não se concedem carros oficiais, nem motoristas, secretárias particulares, viagens de jatinho, hospedagem em hotéis de luxo, nem privilégios”.
“Nem tampouco os juízes que, sem abonos ou privilégios especiais, não almoçam a custa do dinheiro do contribuinte com obscenos auxílios alimentação atrelado a altos salários”.
“A Suécia não oferece luxo aos seus políticos. A classe política não tem o status de uma elite bajulada, nem os privilégios de uma nobreza encastelada no poder. Sem direito à imunidade, políticos suecos podem ser processados como qualquer cidadão”.
“Qual seria a reação dos suecos se os políticos decidissem aumentar seus próprios salários, direito à pensão vitalícia, ocupar espaçosos gabinetes com copa e cafezinho servido por secretárias, empregar dezenas de assistentes particulares e parentes, andar de jatinhos e circular em carros oficiais com motorista. Tudo pago com o dinheiro dos cidadãos? “A sociedade sueca jamais toleraria a concessão de privilégios aos seus políticos. Isso é uma das poucas coisas que poderiam causar uma revolução aqui na Suécia”. Lena Mehlin, jornalista.
“Luxo pago com o dinheiro do contribuinte é imoral e antiético”.
“Juízes suecos não aceitam presentes, como passeios em cruzeiros ou em resortes. Todos os juízes pagam por suas próprias refeições. Nenhum de nós tem direito a carro com motorista ou plano de saúde especial. Temos direito apenas aos serviços públicos de saúde, como qualquer cidadão”.
“Quando os juízes são corruptos, então todos os membros da sociedade podem ser”.
“Entre juízes, nunca ouvi falar de um caso de corrupção em toda a minha vida. Um sistema judiciário limpo é essencial. Porque se o sistema não é limpo, não existe justiça. E por que os juízes devem ser um exemplo de honestidade para os políticos e para a sociedade como um todo.
Se os juízes não são limpos, toda a sociedade é rompida pela desordem. Um Judiciário que perde o respeito da população pode provocar uma explosão de desordem na sociedade”.
Tolerância zero contra a desonestidade.
“Penso que países como o Brasil necessitam de líderes que promovam constantemente a honestidade, e que deem bons exemplos. Líderes que mostrem que não estão em busca de luxo para si, líderes que nunca aceitem suborno, líderes que deplorem oficialmente atos indignos”.
” É preciso criar um movimento sério contra a corrupção, e deve ser um movimento de tolerância zero. Todos precisam começar do zero, e ter tolerância zero contra a desonestidade. E todos que detêm posições oficiais no poder devem dar o bom exemplo”. Goran Lambertz, da Suprema Corte.
Sonhador de sonhos realizados eu vos convido para “viajar” comigo.
Estava no Palácio do Planalto quando ouvi a presidente Dilma telefonar para a Rainha Sílvia:
Dilma: “E aí Silvia, tudo joia. Muito frio nessas noites brancas de verão? Querida, to pensando fazer um arregaço aqui. Posso ser eleita dez vezes e não mudar essencialmente nada. Tava lendo Em busca do tempo perdido. Três volumes. Cansei. Não me ajuda em nada. Parei de ler. To folheando o livro da Claudia. Muita informação. Se conseguirmos 10% do que vocês conseguiram já tá bom demais. Ponte, estrada, prédio, açude, Bolsa, qualquer presidente faz. Quero entrar na história como a Mulher que mudou, melhorou, modernizou, humanizou o Brasil”.
Sílvia: ” Dilma, querida, você sabe que pode contar comigo. O meu coração palpita pelo Brasil. Meu marido adora o Brasil. O pai dele entregou a taça quando ganhamos a Copa do Mundo aqui.
Esse livro da Claudia Wallin é uma fantástica contribuição. Mostra em detalhes aspectos de nossa sociedade. Nós recebemos o presidente Lula e a Marisa. Conversamos muito e acreditamos que poderíamos desenvolver e aprofundar as nossas relações.
Fomos ao Brasil para estreitar mais ainda os nossos laços de amizade e cooperação tecnológica, científica. Mas, de repente, o Lula sumiu. Dilma, é só você pedir: médicos, engenheiros, matemáticos, investimentos, tecnologia, cientistas. E agora faço um pedido: manda umas caixas da jabuticaba. Ah, como eu me lembro da minha infância na chácara em São Manuel. O quintal cheio de pé de jabuticaba, jaca, carambola, manga, goiaba. Conte comigo, Dilma“.
Aécio, Dilma, Marina, Lewandowski, Toffoli, leram, o livro de Claudia?
Um país sem excelências e mordomias deve ser o livro de cabeceira de todo candidato, eleitor, juiz, jornalista, padre, pastor, militante político, ideológico. Ninguém virá ao Brasil dar solução aos nossos problemas. Ninguém foi à Suécia resolver problemas suecos.
Entre na história e verá que há povos que construíram o caminho do êxito, do sucesso. E há povos que patinam no fracasso, na derrota.
Ao lado da União Soviética, os suecos souberam distinguir o bom e o ruim da experiência socialista. Da Europa capitalista, eles continuam separando o joio do trigo.
Parabéns, Claudia. Pelo seu jornalismo investigativo criterioso.
Um país sem excelências e mordomias deveria/deve ser a “Bíblia” de todo político. De todo magistrado brasileiro.
*A Rainha brasileira: Seu pai, o empresário alemão Walther Sommerlath, viveu no Brasil nos anos 30 quando se casou com Alice Soares de Toledo, nascida em São Manuel, SP. O casal foi para a Alemanha onde Sílvia nasceu. Com a Segunda Guerra Mundial voltaram. Silvia foi educada em São Paulo onde tem primos e um braço da ONG criada por ela a World Childhood Foundation.
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