Se existe Vice, usemo-lo, diria o presidente Jânio Quadros. O primeiro Caçador de Marajás. A Vassoura que limparia a corrupção. Jânio, como Lula, foi a Grande Esperança da nova capital, do Brasil novo.
O mato-grossense foi eleito pela Direita da época. Pelos que tramaram o “golpe” contra Getúlio Vargas. Vitória sobre o Marechal Henrique Teixeira Lott, candidato dos nacionalistas, do PCB, das centrais sindicais. Da Esquerda, sem ser da esquerda.
Carismático, com papo rebuscado para impressionar, Jânio afagou a Esquerda ideológica (não se conhecia a Esquerda corrupta) condecorando Che Guevara, Yuri Gagárin, almoçando com Fidel Castro.
No auge da Guerra Fria, manobrou bem. Jânio o protegido e porta voz da Direita, ficou simpático para a Esquerda. Mas, era pouco para ele. Na sua alucinação alcoólica, queria mais, muito mais. Premeditou golpe para “voltar nos braços do povo” livre de pressões civis e militares. Um “ditador liberal”.
O seu timing foi perfeito. Renunciou. Denunciando “forças ocultas” exatamente quando o avião do Vice- Presidente João Goulart entrava no espaço aéreo da República Popular da China que prometia ser mais comunista que a matriz União Soviética. Ele sabia que militares, Igreja, empresários, os EE. UU, não queriam Jango, o “vermelho”, na presidência da República.
Com, o fi-lo porque qui-lo, Jânio jogou o Brasil no túnel das incertezas. Passaram-se 55 anos. E o país continua esfarelado pela renúncia de Jânio, após ditadura de 21 anos.
Na imprensa, líder estudantil, vivi no centro daqueles dias. Com Rádios de Mato Grosso na Cadeia da legalidade de Leonel Brizola. Estudante no colégio Elefante Branco, Secretário Geral da União dos Estudantes Secundários de Brasília, Secretário Geral da Mocidade Trabalhista do Brasil, vi Tancredo Neves, Brochado da Rocha, Hermes Lima, serem empossados Primeiro Ministro do Parlamentarismo. Viajei mobilizando milhares pela volta do Presidencialismo.
Estagiário junto ao mestre Santiago Dantas, ministro das Relações Exteriores, sonhei em servir ao Brasil em missão no exterior. Um ano depois, ingressei na Faculdade de Direito Internacional da universidade da Amizade entre os Povos (Patrice Lumumba), criada por Nikita Kruschev. Sem ser diplomata, vivi o sonho, my way, muito bem vivido no exterior.
Floriano Peixoto
A República nasceu e cresceu aceitando, sem traumas, que o vice Floriano Peixoto assumisse, definitivamente, a Presidência. Primos, ambos de Alagoas, graduados da Guerra no Paraguai, tramaram a queda do Império em Cuiabá, centro político- cultural de imensa região do Brasil. O cadete- estafeta que levou o bilhete para Deodoro da Fonseca com o OK da tropa foi Cândido Mariano da Silva Rondon.
A intelectualidade, as universidades, não estudaram, não pesquisaram, devidamente, o vai e vem de militares. Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto foram presidentes da Província de Mato Grosso. Ambos casaram-se em Cuiabá. Perdemos, mas, ainda podemos recuperar, um grande momento histórico- promocional. A República nasceu em Cuiabá!
Delfim Moreira.
Dos 24 Vices, o paulista Delfim Moreira, com a morte de Rodrigues Alves, foi o segundo a assumir definitivamente a presidência da República.
Ditador, em 1934, Getúlio Vargas, extinguiu o cargo de Vice Presidente. Com a sua primeira queda, em 1946, a Vice Presidência foi restaurada com aberração programática, ideológica: candidato a Vice não precisava ter fidelidade partidária. Votava-se no presidente e no vice, de partidos diferentes, em separado.
A esquizofrenia política- eleitoral contamina gerações: João Goulart foi candidato da Esquerda, vice na chapa de Henrique Teixeira Lott, o militar que garantiu a posse de Juscelino, ameaçada por conspirações e revoltas militares. Mas, era também vice de Jânio Quadros, o candidato das oligarquias, da Direita. Até 1964, o Vice Presidente da República era também o Presidente do Senado.
Café Filho e mais dois presidentes em três dias.
João Fernandes Campos Café Filho, esse sim, um conspirador. Do Rio Grande do Norte, deputado federal pelo PSP, conchavou e conseguiu ser o vice de Getúlio Vargas. Com o suicídio do presidente, ele assumiu e governou o Brasil por 14 meses. Aliou-se a Carlos Lacerda e aos militares que queriam a derrubada de Vargas. E na sequência, tramou contra a posse de Juscelino e de seu Vice, João Goulart.
O Marechal Lott colocou tropas nas Ruas. Cercou o Palácio do Catete. Café Filho, Carlos Lacerda, e outros, fugiram para Santos. O navio poderia ter sido bombardeado, mas, não foi. Carlos Luz assumiu a presidência. Mas, também do grupo da conspiração foi substituído por Nereu Ramos. Em três dias, tivemos 3 Presidentes da República.
João Goulart
Herdeiro político de Getúlio Vargas, ministro do Trabalho, coube a ele divulgar a Carta Testamento de Getúlio. João Goulart foi eleito na chapa com Juscelino, o “simpatizante”, amigo do comunista Oscar Niemayer. Jango foi vice do Marechal Lott. Mas, venceu as eleições como Vice de Jânio Quadros, o candidato das oligarquias.
Como Dilma Rousseff, (vítima das armações política$ de Lula) João Goulart foi vítima das alucinações de Jânio Quadros. Não vivíamos sob “céu de brigadeiro”. A Guerra Fria era realidade atômica e o fazendeiro gaúcho foi apanhado em pampa aberto na peleja União Soviética X Estados Unidos. Comunismo X Capitalismo. Perdeu.
Erro dialético, ideológico, erro de análise, erro tático, cometem os mestres, professores, intelectuais, artistas, que repetem, ensinam, transferem, aos estudantes, trabalhadores, mobilizados, dogmas, mantras, a história deles, do “golpe” contra Getúlio, do golpe contra Jango, para a realidade atual, dil-mística. Nada a ver.
Cuba proclamando-se comunista nas barbas do Tio Sam. Che Guevara espalhando que queria criar um Viet Nam na América do Sul, a guerra fria: derrubaram João Goulart. Discursavam contra a República sindical, a bagunça administrativa, contra casos isolados de corrupção, mas, foi na luta ideológica que o “comunista” João Goulart perdeu a presidência.
José Sarney
Um clássico da “governabilidade” a brasileira. Da Arena, partido da ditadura, defensor da oligarquia e do latifúndio maranhense, carimbado como de Direita, Sarney acaba sendo o vice presidente de Tancredo Neves, do MDB, veterano das lutas políticas, mas, ousadamente contra o regime militar, apoiado por democratas e pela Esquerda. Eleitos, Tancredo Neves morre antes de assumir a Presidência.
No dia 03 de março de 1985, José Sarney faz juramento como Presidente da República. Craque da articulação, conseguiu mais um ano de mandato. Junto com o governador Carlos Bezerra, estive em ocasiões importantes com o presidente Sarney: inauguração da ponte rodo ferroviária sobre o rio Paraná que levaria o trem à Cuiabá. Passaram-se 31 anos. A ferrovia não chegou.
Em viagem à Bolívia na proposta da saída para o Pacifico. Nos repetitivos encontros para discutir a dívida dos Estados. Na instalação do FCO. E, para mim, no mais importante momento: a criação do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães.
Itamar Franco
Fernando Collor, como Lula, foi a Esperança que vinha do nordeste. O segundo Caçador de Marajás caiu por arrogante, nariz empinado e com “aquilo roxo demais”. Não soube dialogar com as raposas do galinheiro chamado Congresso. Perdeu.
Recebi rascunho de comparativo entre a corrupção praticada por Paulo Cesar Farias e José Dirceu. Lula desqualificou denúncia de corrupção de filho e mais chegados como “uma merreca”. Acertou.
É claro que havia outros, mas, Paulo Cesar Farias foi o primeiro e principal operador de Collor. José Dirceu foi o cérebro da Organização que cresceu com muitos operadores e Guerreiro$.
Não há comparação entre “o mal feito”, as merrecas, de Paulo Cesar Farias, com o tsunami de dinheiro que José Dirceu (e companheiros) movimentaram em nome do Projeto. Já se comprova que o estrago Lula Dilma aos cofres públicos do Brasil passa de 600 bilhões de reais. Por enquanto.
Com tons de cinza diferentes vivemos com Collor o que vivemos hoje com Dilma. A Esquerda a favor do impeachment de Collor. A Esquerda contra o impeachment de Dilma. Houve golpe contra Fernando Collor de Mello? Há golpe contra Dilma Rousseff?
Com Collor, a sofreguidão institucional e popular foi bem menor. Minutos antes da aprovação do impeachment, ele renunciou.
O vice Itamar Franco assumiu na onda de otimismo. Com seu ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, emplacou o Plano Real. O mineiro Itamar Franco, morreu senador da República.
Michel Temer
Hoje, 9 de maio de 2016, 23 horas, o futuro do vice presidente Michel Temer não está definido, claro. A velha pergunta do bardo inglês é mais atual que nunca: To be or not be. Temer, continuará Vice? Assumirá por 180 dias, e definitivamente, o lugar da presidente Dilma Rousseff?
Se, a TV Globo, a maior formadora de opinião, e as demais; se, as universidades e escolas, dedicassem tempo útil à história do Brasil, a debates políticos, milhões de brasileiros saberiam que desde Floriano Peixoto é normal, constitucional, o Vice ocupar a presidência da República, interina, ou definitivamente.
E que por isso mesmo é fundamental que o brasileiro saiba escolher seus candidatos a todos os cargos eletivos, mas, e principalmente, o presidente e o vice que governarão o país.
Trilha sonora:
*Jota Alves é formado em Direito Internacional. Em Nova York, fundou o jornal The Brasilians, em 1985, criou o Brazilian Day, dedicando o primeiro BD à Tancredo Neves. Foi Secretário Extraordinário do Governo de MT. Edita www.oreporternahistoria.com.br e com Adriana www.odiadobrasil.com. Ver Jota Alves-FACEBOOK.
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